Quem fala assim...
Texto de Diana Andringa:
... se no tempo do fascismo nos batíamos contra os 6 meses de prisão preventiva, devemos achar normal os anos de prisão preventiva hoje existentes?
... se no tempo do fascismo nos batíamos contra a tortura do sono e os interrogatórios nocturnos, devemos achar normal que alguém, mesmo suspeito de pedofilia, seja interrogado noite fora, e que o advogado assinale um intervalo entre as 2 e as 4 da manhã?
Ou seja: em nome de que são acusados de delito comum, não de delito político, devemos ser indiferentes aos excessos nos interrogatórios e nas prisões?
Ou seja: num Estado de Direito, deixam de fazer sentido garantias que antes considerávamos exigíveis?
Com o devido respeito pelos juízes, o exemplo de Itália não devia fazer tocar algures na nossa cabeça uma campaínha de alarme?
(Aos que são jornalistas deixo duas perguntas: é mesmo preciso, para dizer que alguém é acusado de pedofilia, pormenorizar que os actos sexuais foram anais e orais, ou é só porque a pornografia vende? E acham que a presunção de inocência sobrevive às peças -cheias de pormenores recolhidos não se sabe bem onde - apresentadas nos telejornais, relatando minuciosamente o que o presumível inocente terá feito?)
Não sou pedófila, não sou do PS, não sou embaixadora, não sou apresentadora de televisão, nem advogada, nem médica, nem trabalhei na Casa Pia.
Mas sou jornalista e sinto-me cheia de dúvidas a ver os noticiários (?) televisivos da área do crime, além de que defendo que nada do que ocorre na sociedade me é alheio, e nunca esqueci o poema do Brecht sobre as prisões pela Gestapo. E se aceito que acusados de delito comum - sendo eles traficantes de droga, violadores de meninos ou mesmo assassinos - sejam vítimas de interrogatórios nocturnos, de interrogatórios prolongados, de meses e anos de prisão preventiva, sinto diminuída a minha capacidade de defender os presos de Guantanamo ou os de Fidel.
E vocês, o que acham? Depois de vermos um advogado a saír, estoirado, do interrogatório nocturno do seu constituinte, devemos todos ficar calados, para não nos confundirem com pedófilos ou pensarem que somos do PS?
Saudações,
Diana Andringa
... se no tempo do fascismo nos batíamos contra os 6 meses de prisão preventiva, devemos achar normal os anos de prisão preventiva hoje existentes?
... se no tempo do fascismo nos batíamos contra a tortura do sono e os interrogatórios nocturnos, devemos achar normal que alguém, mesmo suspeito de pedofilia, seja interrogado noite fora, e que o advogado assinale um intervalo entre as 2 e as 4 da manhã?
Ou seja: em nome de que são acusados de delito comum, não de delito político, devemos ser indiferentes aos excessos nos interrogatórios e nas prisões?
Ou seja: num Estado de Direito, deixam de fazer sentido garantias que antes considerávamos exigíveis?
Com o devido respeito pelos juízes, o exemplo de Itália não devia fazer tocar algures na nossa cabeça uma campaínha de alarme?
(Aos que são jornalistas deixo duas perguntas: é mesmo preciso, para dizer que alguém é acusado de pedofilia, pormenorizar que os actos sexuais foram anais e orais, ou é só porque a pornografia vende? E acham que a presunção de inocência sobrevive às peças -cheias de pormenores recolhidos não se sabe bem onde - apresentadas nos telejornais, relatando minuciosamente o que o presumível inocente terá feito?)
Não sou pedófila, não sou do PS, não sou embaixadora, não sou apresentadora de televisão, nem advogada, nem médica, nem trabalhei na Casa Pia.
Mas sou jornalista e sinto-me cheia de dúvidas a ver os noticiários (?) televisivos da área do crime, além de que defendo que nada do que ocorre na sociedade me é alheio, e nunca esqueci o poema do Brecht sobre as prisões pela Gestapo. E se aceito que acusados de delito comum - sendo eles traficantes de droga, violadores de meninos ou mesmo assassinos - sejam vítimas de interrogatórios nocturnos, de interrogatórios prolongados, de meses e anos de prisão preventiva, sinto diminuída a minha capacidade de defender os presos de Guantanamo ou os de Fidel.
E vocês, o que acham? Depois de vermos um advogado a saír, estoirado, do interrogatório nocturno do seu constituinte, devemos todos ficar calados, para não nos confundirem com pedófilos ou pensarem que somos do PS?
Saudações,
Diana Andringa
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