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12 setembro 2003

Infante Santo

Vai ser publicado, na próxima segunda-feira, 25, o seguinte artigo, no suplemento "Das Artes das Letras", juntamente com o jornal O Primeiro de Janeiro.


Estudar, de novo, a História


Para lembrar o sexto centenário do nascimento do Infante D. Fernando, que a tradição nacional consagrou com o conhecido nome de Infante Santo, o município da cidade de Santarém decidiu promover um ciclo de actividades, ao longo deste ano celebrativo.


Comemorando-se desde Setembro do ano passado os seiscentos anos do nascimento de D. Fernando, a Câmara Municipal de Santarém decidiu promover inúmeras actividades, entre as quais, um congresso internacional denominado "Santarém e o Infante Santo: 600 Anos", a ser realizado nos próximos dias 26 a 28 de Setembro. Acima de tudo, este evento tem como principal objectivo, proporcionar um debate científico e um aprofundamento da investigação acerca desta ilustre figura da Casa de Avis, que deixou a sua vida e o seu nome, indelevelmente ligados à história e à cultura portuguesas do século XV.
Por forma a estudar-se, este e outros temas, vão-se deslocar a Santarém, historiadores de sete universidades nacionais e três internacionais (Oxford, Casablanca e Corunha), como garantia da qualidade e excelência deste debate científico. De igual modo, vinte estudiosos e especialistas aceitaram partilhar o seu conhecimento com os escalabitanos, como ponto de partida para troca de saberes e culturas.
A propósito deste congresso, conversámos com Luís Nazaré Ferreira, um dos membros da organização deste congresso. Verdade seja dita, a história de Santarém está, indubitavelmente, ligada à história nacional do nosso País e, nos grandes acontecimentos, esta cidade interveio, juntamente com as personalidades que ali viveram e que por ali passaram. Paralelamente a isso, foi o Infante Santo, o primeiro mártir da expansão portuguesa, incluindo o facto de ele ter sido canonizado pelo povo e não pela Igreja. Nesse sentido, pretende-se, com a realização deste congresso, “estudar, de novo, a História do nosso País”, tal como nos refere Luís Nazaré Ferreira. Para além disso, defende que “promovendo-se a figura do Infante D. Fernando, estamos a promover a imagem de Santarém”. Também conhecida como «a Capital do Gótico», Luís Nazaré Ferreira salienta que, “acima de tudo, queremos inter-relacionar a história de Santarém com a figura do Infante Santo”.


Conferências

Quanto aos trabalhos do congresso, estes decorrerão em sessões plenárias com a apresentação de conferências proferidas por especialistas convidados e, simultaneamente, haverá sessões de comunicações livres. Divididas em quatro categorias, as conferências abordarão os mais variados temas ligados à história, como seja, a Corte de Avis, a Inclítica Geração, as relações luso-britânicas, a vida do Infante Santo e, Portugal e o Norte de África. Quanto à cultura e literatura, os temas a abordar são o legado clássico, a literatura na época do Infante D. Fernando e, o Infante na literatura peninsular. A polémica em volta da religião, será outro aspecto a abordar, nomeadamente, o processo de canonização, o culto e a devoção do Infante Santo e a cultura religiosa do infante. Por último e, no tocante às artes, ir-se-á abordar a iconografia fernandina e a arte portuguesa dos séculos XIV a XVI.
Paralelamente a este congresso, irão decorrer outras actividades culturais, nomeadamente, visitas guiadas, exposições e a representação da peça "El príncipe constante" de Calderón de la Barca, pelo Centro Dramático "Bernardo Santareno", logo no dia 26, no Convento de S. Francisco. No dia seguinte, na Igreja da Graça, haverá um concerto de música medieval, pelo grupo espanhol "Los cinco siglos".


Cultura... com futuro

Prestes a ser realizado este congresso, conversamos também com Rui Pedro Barreiro, presidente da Câmara Municipal de Santarém, no sentido de sabermos qual a importância deste evento, bem como, que projectos ao nível cultural, estão a ser pensados pela autarquia, para o futuro.

Qual a importância deste congresso internacional?
Projectar Santarém no Portugal de hoje, é um dos objectivos deste congresso internacional. Propósito mediado através da promoção do conhecimento da sua história, da divulgação do seu património e do reconhecimento das individualidades do seu passado. O congresso é um convite para se estudar, de novo, essa história e, também, para dar a conhecer o riquíssimo património de Santarém, que regista a memória do seu passado grandioso. Concretamente, como diz a Comissão Organizadora, os objectivos do congresso são animar um grande debate científico em torno de Santarém e da figura do Infante Santo, uma das muitas personalidades históricas cujo berço foi a nossa cidade.

Qual o papel do Infante Santo na promoção e/ou visibilidade da cidade de Santarém?
O Infante Santo é, como referi, um filho de Santarém. É uma figura da história nacional e faz parte do imaginário popular como santo. Os 600 anos da sua morte deveriam ter sido assinalados com comemorações nacionais, mas Santarém não esquece os seus filhos e daí esta homenagem ao infante que foi mártir pela Pátria. Esta celebração obteve desde logo o apoio unânime da comunidade científica e académica portuguesa. Para a câmara municipal, os homens, as figuras, também são património desta cidade.

Qual o principal objectivo que pretendem ver atingido com a realização deste congresso?
Pretendemos, obviamente, engrandecer e dar a conhecer melhor Santarém. Desejamos, também, que este fórum mostre, hoje, as várias dimensões do nosso concelho. Ambicionamos fomentar a auto-estima dos escalabitanos de hoje, mostrar-lhes a importância do passado da sua cidade e projectar-lhe a esperança do futuro. Os santarenos devem conhecer o quanto foi, e é grande a sua cidade, para daí retirarem os ensinamentos para delinearem o seu destino. O amor e o gosto pela sua cidade nasce com o conhecimento da sua história e das suas potencialidades.

Que outros projectos de âmbito cultural tem a autarquia para o futuro?
Para nós, o peso da história de Santarém e a importância do seu património, que transporta a nossa herança cultural, vai continuar a ser factor determinante para a definição da política cultural da câmara municipal. E isso é, obviamente, uma vantagem. Pretendemos consolidar a identidade, valorizando os factores históricos e patrimoniais. O gótico, naturalmente, mas não só. Também as paisagens, as lendas e as tradições. Santarém possui, a magnificência das suas belezas panorâmicas que se vislumbram das janelas do seu centro histórico, abertas para o Tejo e para os campos que a rodeiam que, conjugadas com o valor e o encanto dos seus monumentos, dão-nos uma visão de deleite e deslumbramento. É esta a imagem que se pretende promover, pois é esta a imagem que fica no olhar. Vamos realizar acções culturais de revivificação das pedras, recuperação do centro histórico e de roteiros, abertura de miradouros panorâmicos, fomentando o turismo cultural, que vai ser um meio de estabelecer uma relação entre os atractivos específicos, da cidade e do concelho, ou seja, entre o seu património, os seus miradouros, as suas paisagens, as suas tradições e festas e o mercado turístico.
No campo da revitalização patrimonial e ambiental, queremos recuperar o centro histórico, com e para os escalabitanos. As cidades são feitas de pedras, de árvores, de sinais, de símbolos e de memórias. Mas devemos considera-las como organismos vivos, com as gentes que as habitam, que as habitaram e que as irão habitar amanhã. Achamos que é cada vez mais importante consciencializar os habitantes de Santarém para o grande problema que é o da conservação da sua herança historico-cultural. As cidades devem ser sempre centros de vida e não cenários. Queremos mais vida para Santarém.