15 novembro 2008

O que verdadeiramente me irrita

Parafraseando o nome do blogue do meu amigo Sérgio Moreira, "O que verdadeiramente me irrita", há certamente coisas com que nos deparamos no dia-a-dia que nos irritam solenemente.
A saber:

1. Call Centers, mais conhecidos por "Linhas de Apoio".


Quem é que nunca ligou para determinada linha de apoio, a fim de protestar veementemente sobre determinada questão e ouve do outro lado da linha uma simpática voz que nos pergunta:
- Eu tenho o prazer de estar a falar com o senhor...E, do lado de cá, eu interrogo-me: Mas qual prazer? Sim, porque, prazer, eu tenho quando estou com os meus cães, por exemplo; ou quando saboreio uma refeição que me levou uma tarde inteira na cozinha; ou até quando estou na cama, a dormir ou a fazer outra coisa qualquer...
Agora quando eu disparo a reclamar sobre uma factura, por exemplo, em que vejo que estou a ser roubado a olhos vistos, e aquela vozinha irritante me diz que está a ter prazer em me ouvir, ultrapassa-me em todos os aspectos.

2. Call Centers e atropelos à Sra. D. Gramática Portuguesa.

É o pão nosso de cada dia!!! Eu, que defendo religiosamente a nossa língua, quer escrita, quer falada, e que abomino sobremaneira todo o tipo de abreviações (excepto o jinho que acho um must e pouco mais), acho um insulto à nossa inteligência ouvir do outro lado da linha, outra vozinha irritante que pensa que sabe falar português. Muito recentemente, um amigo meu ficou sem Internet (esqueceu-se, como acontece a tantos de nós, o pagamento da sua facturinha). Ligou para a tal linha de apoio e indicaram-lhe a forma de poder pagar rapidamente a factura.
Pagar rapidamente, sim, porque para restabelecer a ligação, tinha que aguardar 24 a 48 horas úteis. E a menina sai-se com este primor linguístico:
- O págamento pode demorar entre 24 a 48 horas a dar entrada no nosso sistema.
O meu amigo respondeu:
- Como? Não percebi...
E ela insiste:
- O págamento pode demorar entre 24 a 48 horas úteis a dar entrada no nosso sistema informático.
O meu amigo volta à carga:
- O págamento? O que é isso?
Ela mesmo assim não se toca e responde:
- Sim... O senhor não disse que ia pagar agora a factura?
E ele esclarece:
- Sim. Vou fazer o pagamento da factura e não o págamento. Da última vez que verifiquei na gramática, o substantivo pagamento, que deriva da palavra pagar não é acentuado como a menina acabou de referir e de insistir. Aliás, a menina também não diz págar.
Silêncio do outro lado, enquanto deste lado, nos ríamos da situação.

3. Gramas e graminhas.

Quero duzentas gramas de queijo, por favor. É o pior dos atropelos. Com a agravante de ouvirmos constantemente essa expressão na rádio e na televisão. Já me cansei de frisar (a quem ouço dizer isso) que grama é um substantivo masculino e que, como tal, se deveria dizer duzentos gramas mas já não adianta... Até a senhora do supermercado me pergunta:
- Quantas gramas de queijinho quer hoje, filhinho??
Até os pelos dos braços se me iriçam... mas fazer o quê?

E hoje, fico-me por aqui. Amanhã é dia de trabalho e a minha caminha anseia pela minha presença. Não são só os atletas olímpicos que gostam de caminha...

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