De entre os vários trabalhos que foram publicados no passado sábado, no jornal O Primeiro de Janeiro, a propósito do tema "Minorias Étnicas", destaco aqui uma entrevista que efectuei a alguns associados do SOS Racismo.
Combater a ignorância
São conceitos como, racismo, xenofobia, discriminação ou tolerância que faz com que os associados do SOS Racismo não parem de trabalhar. Em mente, apenas um único objectivo: promover uma sociedade em que todos tivessem direitos iguais.
Tudo começou em 1989, com o assassinato de José Carvalho por parte de um grupo de skinheads. Nessa altura, José Falcão encontrava-se com José Carvalho e assistiu a tudo. Inclusive, “poderia ter sido eu”. Seguiram-se outros assassinatos que haviam começado em 1986 até que, um grupo de amigos, cansados, decidiram juntar esforços, coragem e criam, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de Dezembro (de 1990) a ideia base que presidiu à criação do SOS Racismo. Essa ideia, foi a de lutar contra todos aqueles que procuram viver num mundo fechado, intolerante e irracional. Para isso, foi iniciada a luta contra o racismo e a xenofobia em Portugal, promovendo-se, ao mesmo tempo, a criação de uma sociedade em que todos os cidadãos tivessem direitos iguais.
Ora, Portugal sempre foi considerado um país de brandos costumes; nunca até então se conheciam casos de comportamentos e/ou atitudes racistas por parte dos portugueses. Pelo menos, a comunicação social não os havia denunciado. Dessa forma, segundo nos conta José Falcão, o rosto visível do SOS Racismo, “fazia pouco sentido, nessa altura, discutirem-se esses «mitos», principalmente, para o poder político”. E, por isso, esta associação sempre primou pela sua independência. E, também por isso, esta é uma daquelas associações que não possui umas instalações por aí além. Contrariamente, o «cubículo» que serve de sede ao SOS, não oferece as mínimas condições de trabalho e, por bem pouca que seja a chuva que cai, lá dentro, fica-se com a sensação de que um novo dilúvio vem por aí, tal é a quantidade de água que escorre pelas paredes e pelo tecto.
Quase 13 anos depois de intenso trabalho, esta associação tem vindo a crescer e, hoje em dia, para ir ao encontro dos seus objectivos de luta, têm realizado diversas actividades de sensibilização, tendo em vista combater a ignorância, uma vez que é ela que está na base do racismo e da xenofobia em qualquer sociedade. Uma vez que a violência não se combate com mais violência, a intervenção do SOS Racismo desenvolve-se a partir de três formas. Desde logo, junto das escolas, das universidades, dos bairros, ou mesmo, junto de outras associações, através da participação em actividades desenvolvidas por elas, nomeadamente a participação em debates e a elaboração de material que permita abordar o problema do racismo em Portugal. Nestes debates, acima de tudo, mais do que transmitir o que quer que seja, José Falcão confessa que “o que é essencial, é pôr as pessoas a pensar pela sua própria cabeça”.
Uma outra forma de trabalho, é através do apoio jurídico que é prestado em situações concretas de discriminação, bem como a produção de materiais informativos sobre os direitos dos cidadãos, que têm por objectivo, não só que todos saibam quais os seus direitos mas também como os podem fazer valer. Aliás, é na produção destes conteúdos, nomeadamente, livros (Ver caixa), que a SOS vai buscar a maior parte das suas receitas.
Por último, através de tomadas de posições públicas contra todos os actos racistas, ou que promovam o racismo em Portugal. Exemplo disso, tal como nos conta Mamadou Ba, outro dos associados do SOS, “é a total hiprocrisia que se assiste, a par de uma total impunidade por quem de direito, sempre que os nossos agentes da autoridade, se fazem valer da violência policial”, acrescentando que “em Portugal existe um racismo institucionalizado”. Associada a estas tomadas de decisão, o SOS dedica-se, ainda à apresentação de medidas concretas que permitam combater o racismo e a xenofobia, através de comunicados de imprensa, envio de cartas e/ou de petições que são enviadas aos membros do Governo ou à Assembleia da República. Ao nível das contrapartidas obtidas por todo esse trabalho, Mamadou Ba destaca a Lei contra a Discriminação Racial, que foi proposta pelo SOS Racismo e que foi aprovada pelo Parlamento em 1999.
A Festa da Diversidade, uma das actividades levadas a cabo pela Rede Anti-Racista (da qual o SOS faz parte), no passado mês de Junho, levou muitas pessoas ao Martim Moniz, em Lisboa. Tratou-se de um espectáculo que, segundo Susana, outra associada do SOS, “tinha como slogan, «Um outro mundo é possível» e que, para além de muita música, gastronomia e artesanato, também a dança e a animação de rua, estiveram presentes”.
Com todo este trabalho já desenvolvido, José Falcão perspectiva o futuro com “muito mais trabalho; queremos elaborar mais material didáctico e queremos continuar a lutar por um país mais justo e menos racista”.
Combater a ignorância
São conceitos como, racismo, xenofobia, discriminação ou tolerância que faz com que os associados do SOS Racismo não parem de trabalhar. Em mente, apenas um único objectivo: promover uma sociedade em que todos tivessem direitos iguais.
Tudo começou em 1989, com o assassinato de José Carvalho por parte de um grupo de skinheads. Nessa altura, José Falcão encontrava-se com José Carvalho e assistiu a tudo. Inclusive, “poderia ter sido eu”. Seguiram-se outros assassinatos que haviam começado em 1986 até que, um grupo de amigos, cansados, decidiram juntar esforços, coragem e criam, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 de Dezembro (de 1990) a ideia base que presidiu à criação do SOS Racismo. Essa ideia, foi a de lutar contra todos aqueles que procuram viver num mundo fechado, intolerante e irracional. Para isso, foi iniciada a luta contra o racismo e a xenofobia em Portugal, promovendo-se, ao mesmo tempo, a criação de uma sociedade em que todos os cidadãos tivessem direitos iguais.
Ora, Portugal sempre foi considerado um país de brandos costumes; nunca até então se conheciam casos de comportamentos e/ou atitudes racistas por parte dos portugueses. Pelo menos, a comunicação social não os havia denunciado. Dessa forma, segundo nos conta José Falcão, o rosto visível do SOS Racismo, “fazia pouco sentido, nessa altura, discutirem-se esses «mitos», principalmente, para o poder político”. E, por isso, esta associação sempre primou pela sua independência. E, também por isso, esta é uma daquelas associações que não possui umas instalações por aí além. Contrariamente, o «cubículo» que serve de sede ao SOS, não oferece as mínimas condições de trabalho e, por bem pouca que seja a chuva que cai, lá dentro, fica-se com a sensação de que um novo dilúvio vem por aí, tal é a quantidade de água que escorre pelas paredes e pelo tecto.
Quase 13 anos depois de intenso trabalho, esta associação tem vindo a crescer e, hoje em dia, para ir ao encontro dos seus objectivos de luta, têm realizado diversas actividades de sensibilização, tendo em vista combater a ignorância, uma vez que é ela que está na base do racismo e da xenofobia em qualquer sociedade. Uma vez que a violência não se combate com mais violência, a intervenção do SOS Racismo desenvolve-se a partir de três formas. Desde logo, junto das escolas, das universidades, dos bairros, ou mesmo, junto de outras associações, através da participação em actividades desenvolvidas por elas, nomeadamente a participação em debates e a elaboração de material que permita abordar o problema do racismo em Portugal. Nestes debates, acima de tudo, mais do que transmitir o que quer que seja, José Falcão confessa que “o que é essencial, é pôr as pessoas a pensar pela sua própria cabeça”.
Uma outra forma de trabalho, é através do apoio jurídico que é prestado em situações concretas de discriminação, bem como a produção de materiais informativos sobre os direitos dos cidadãos, que têm por objectivo, não só que todos saibam quais os seus direitos mas também como os podem fazer valer. Aliás, é na produção destes conteúdos, nomeadamente, livros (Ver caixa), que a SOS vai buscar a maior parte das suas receitas.
Por último, através de tomadas de posições públicas contra todos os actos racistas, ou que promovam o racismo em Portugal. Exemplo disso, tal como nos conta Mamadou Ba, outro dos associados do SOS, “é a total hiprocrisia que se assiste, a par de uma total impunidade por quem de direito, sempre que os nossos agentes da autoridade, se fazem valer da violência policial”, acrescentando que “em Portugal existe um racismo institucionalizado”. Associada a estas tomadas de decisão, o SOS dedica-se, ainda à apresentação de medidas concretas que permitam combater o racismo e a xenofobia, através de comunicados de imprensa, envio de cartas e/ou de petições que são enviadas aos membros do Governo ou à Assembleia da República. Ao nível das contrapartidas obtidas por todo esse trabalho, Mamadou Ba destaca a Lei contra a Discriminação Racial, que foi proposta pelo SOS Racismo e que foi aprovada pelo Parlamento em 1999.
A Festa da Diversidade, uma das actividades levadas a cabo pela Rede Anti-Racista (da qual o SOS faz parte), no passado mês de Junho, levou muitas pessoas ao Martim Moniz, em Lisboa. Tratou-se de um espectáculo que, segundo Susana, outra associada do SOS, “tinha como slogan, «Um outro mundo é possível» e que, para além de muita música, gastronomia e artesanato, também a dança e a animação de rua, estiveram presentes”.
Com todo este trabalho já desenvolvido, José Falcão perspectiva o futuro com “muito mais trabalho; queremos elaborar mais material didáctico e queremos continuar a lutar por um país mais justo e menos racista”.
1 Comentários:
Por que não combatem também o racismo contra os brancos. Aí o SOS Racismo (palavra que nem devia existir) faz orelha moucas às notícias e não são tão poucas. Começo a ficar farta destes falsos defensores do pseudo-racismo.
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